“Depois de muita cobrança externa e delonga interna, o Ministério da Saúde divulgou seu ‘plano de imunização’.
O ‘plano’ foi pomposamente anunciado como sendo ‘dividido em quatro fases’, mas sua elaboração não deve ter roubado muito o tempo do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já que ele cabe numa frase: ‘profissionais de saúde, indígenas e idosos serão vacinados primeiro; depois virão as pessoas entre 60 e 74 anos, seguidas das que sofrem de comorbidades e de funcionários públicos como professores e trabalhadores das forças de segurança’.
Acabou-se o plano.
Ao menos, o ministério teve o pudor de chamá-lo preliminar.
Nada sobre quanto tempo depois de aprovada uma vacina ela será distribuída no Brasil (o plano de imunização dos Estados Unidos garante que, a partir do momento em que o FDA aprovar um imunizante, os primeiros americanos o receberão em 48 horas);
Nada sobre onde serão vacinados os brasileiros (o Reino Unido transformou ginásios esportivos e outras instalações em 42 centros de vacinação e já sabe quantos britânicos cada centro irá imunizar por dia);
Nada sobre quem irá aplicar a vacina na população (a Argentina mobilizou suas Forças Armadas);
E nada sobre planos de compra de equipamentos básicos como seringas (desde julho, países europeus tratam da compra conjunta do equipamento para se prevenirem da sua iminente escassez).
Pior: com a resignação dos vencidos, Pazuello sugeriu que o Brasil não compraria a primeira vacina aprovada no mundo ocidental, a da Pfizer, porque ela tem de ser acondicionada a -70ºC.
O general louvado por sua expertise em logística deixou de comentar o motivo pelo qual a exigência de baixas temperaturas não foi um problema incontornável para Peru, Chile, Costa Rica, Equador, México e Panamá — para ficar só nos países da América Latina que fecharam acordos de compra com a Pfizer — e em breve começarão a imunizar as suas populações.”
Enquanto isso, o Brasil segue em situação indefinida quanto aos caminhos para imunização contra a COVID-19.
Fonte: O Brasil sem a vacina da Pfizer e o “plano de imunização” que é uma piada